JUSTIFICATIVA:


Márcio Antônio Stankowich nasceu em Nilópolis – terra da escola de samba Beija-flor – no estado do Rio de Janeiro, em 20 de janeiro de 1960.

Sua família tem origem romena e é fundadora do Circo Stankowich, considerado um dos melhores da América Latina. 

No ano de 1850, Pedro Stankowich, tataravô de Márcio, e sua família chegam à América do Sul, fugindo da guerra na Europa.

Desembarcaram no Brasil com um bando de animais adestrados, depois de perder seu circo na Romênia. 

Márcio Antônio Stankowich é filho de Antônio Stankowich, acrobata, malabarista, equilibrista pertencente à quarta geração da família, que se destacou também como o palhaço Lamparina, o mesmo nome de personagem de tios e avós, falecido em 2017, depois de uma vida inteira dedicada aos espetáculos de circo. 

Sua mãe, Altamira (mais conhecida por Mirian) Stankowich, não era de circo, mas durante uma visita acabou se apaixonando por seu pai, casaram-se e ela passou a fazer parte da trupe.

Seus irmãos, Marlon e Adriana também mantém a tradição da família.

Márcio foi criado no ambiente circense, onde desenvolveu aptidões inatas. 

Era dispensado das aulas de educação física na escola porque já se exercitavam bem mais que os outros alunos, no trapézio, nas acrobacias e fazendo malabarismo sob as lonas. 

No circo, gostava de aprender tudo, sempre imitando os artistas, com o incentivo dos mais velhos.

Seu primeiro número foi de acrobacia com o irmão, tinha cerca 15 anos e entrava no picadeiro vestido de marinheiro.  

Além do palhaço “Xelito”, foi também domador, que era tradição na família; já que o circo atuou com animais de grande porte até março de 2010, quando a participação deles foi proibida na maior parte dos estados brasileiros.

Desde então, o Stankowich acrescentou coreografias e balés em sua substituição, além de modernizar o show com apresentações de ilusionismo.

Além de administrador, passou a ser diretor artístico, diretor-executivo, responsável pelo som, pela luz, e até criador de coreografias, sobre isso afirma: “A gente aprendeu tudo isso. O circo dá muita coisa boa pra você, muita técnica.”

Viajou por vários estados do Brasil, além de países da América Latina, coordenando atividades pertinentes ao ofício, que começam desde o transporte da estrutura e das pessoas, até a montagem, manutenção e a logística do espetáculo, envolvendo, além dos artistas, profissionais de outras áreas, como despachantes, contadores e engenheiros; um contingente de aproximadamente 80 pessoas.

Uma trupe para qual a maior recompensa é o resultado final, a satisfação do público, o entusiasmo no olhar de cada pessoa da plateia.

E assim, o Circo Stankowich sobrevive há mais de um século e meio, o mais antigo em atividade no Brasil, reconhecido como um dos maiores da América Latina.  

Márcio seguiu o caminho da família e também passou os conhecimentos adiante. 

Do casamento com Maria Zelândia Monteiro, nasceram os filhos, Kamila, Érica e Márcio Antônio Stankowich Júnior, que faleceu precocemente.

Sua primogênita Kamila desenvolveu habilidades como trapezista, palhaça, domadora de elefante, acrobata em tecido e, atualmente, mágica.

Érica, a filha do meio, durante a infância, foi domadora de hipopótamo, passando ao trapézio, lira, tecido, acrobacia e atualmente é bailarina.  

Márcio Antônio Stankowich Júnior era um entusiasta da arte circense; se dedicou ao trapézio e ao malabarismo antes de dominar o ilusionismo, um dos principais números do espetáculo. 

Márcio também é pai de Murilo.

Na rotina do circo, sempre trabalhou muito; pegou pesado para manter a logística gerenciando dia e noite, segundo a família, ele “respira o circo”.

Entre as fases difíceis que enfrentou, como crises econômicas, nenhuma se compara à época da pandemia, quando esteve entre a vida e a morte.

Durante o período de internação, em coma, o filho que tinha o seu nome faleceu em decorrência de um câncer, aos 31 anos de idade. 

Quando saiu do hospital, pelo o que a família considera um milagre, teve que conviver com a ausência do Marcinho, como era carinhosamente chamado pelos mais próximos. 

Ainda com a saúde debilitada, foi aconselhado pelas filhas a se aposentar, mas recusou-se a deixar seu legado. 

Desde 2002, quando o Stankowich foi dividido em duas unidades, uma passou a ser comandada apenas por Márcio e a outra, pelo seu irmão Marlon, revezando-se entre as cidades nas turnês.

Um dos municípios com parada certa do Stankowich, há mais de 50 anos, é Sorocaba.

Toda vez que chega à cidade, o circo é procurado por várias entidades assistenciais, como a Apae (Associação de Pais e Amigos de Excepcionais), porque sabem que a trupe faz questão de contribuir, seja doando parte da bilheteria, ou arrecadando alimentos não perecíveis na entrada dos espetáculos. 

Além de movimentar a economia e contribuir com trabalhos sociais, o Stankowich gera empregos temporários durante os meses em que permanece na cidade.

Inspirado pelo amor do filho Marcinho por Sorocaba – já que antes de falecer ele havia avisado à família que queria morar na cidade, onde tinha ainda a intenção de montar uma escola de circo–, Márcio pretende concretizar esse sonho, oferecendo aulas gratuitas para crianças e adolescentes, num espaço que está sendo idealizado.

Atualmente Márcio Stankowich encanta a plateia com o show de manipulação de águas dançantes. 

O empresário é um exemplo de dedicação e perseverança à arte circense; um dos responsáveis pela estrutura de um dos maiores circos do país – que conta com artistas brasileiros e estrangeiros, do Chile, da Argentina, do México, do Peru, e que recebe anualmente um público de cerca de 130 mil pessoas. 

Durante uma entrevista, puxou na memória a imagem do avô sentado embaixo da arquibancada, tomando chimarrão, crianças brincando em volta dele, o pai ainda novo, montando o circo e afirmou: “A gente era feliz e não sabia”.

Pela história de vida, pela contribuição com Sorocaba durante os mais de 50 anos em que inclui a cidade nas turnês do circo, por manter viva essa tradição artística e cultural no Brasil, apesar de todas as intempéries, peço aos nobres pares apoio na aprovação desta homenagem.